sábado, 8 de dezembro de 2012

Candlebright

Quando eu for me embora dessas paragens
deixarei um bilhete anônimo e esquecido
para um insolente deus com quem partilhei
o lado fresco e novo do travesseiro por todas
as noites do meu terceiro ano bissexto desde
a minha última conversão aos temperos indigestos
da moral e dos costumes revoltantes do que é hodierno

"Perdão, meu bom amigo de pragas e maldições,
mas você é minha oferenda ao grande diabo que
assombra a soleira de minha porta: afetaste teus ares
de bonachão por mais tempo do que devido.
Assino como aprendiz do erótico mais sutil que
me legaste na manhã da antevéspera"

Sempre quis pra mim, a alegria de sacrificar
um amante, por mais fantástico que o fosse,
a algo menor do que o sabor de um vento morno
na manhã de um dia que só prometa
o afago abafado de um sol em forno

Nenhum comentário:

Postar um comentário