sábado, 21 de maio de 2011

Confissão

Confissão: Sentir, às vezes, quase sempre, é maior do que eu todo. Sobe-me pelas entranhas um esgar, uma ânsia toda branca, diáfana, fluída como seda que não tenho como não chamar de um nada. Então eu me quebro, e me parto para cada pedacinho, inteiro soberano neles e olho para o mundo - sou os olhos da aranha, vitral do ermo entocado começo do mundo, sentenciada e intocada - mas sou mortal e a cera é consumida pela chama da vela, o ritual ainda é falho. Eu volto, recuo onda dos mares sargaços pelas brumas resguardado, talvez só para me acusar de uma certa espiritualidade quando egresso de um ser que não aquele o qual os dias resolvem agir sobre.
É que, às vezes, quase sempre, eu me jogo fora como bilhetes anônimos que eu mandaria para todos que já não me amam mais, mas eventualmente termino por me levantar do canto esquecido e cego do quarto para recolher os pedaços e ir para casa. Não que lá seja melhor.

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